O saldo entre empresas abertas e encerradas em 2019 no Brasil voltou a ser positivo em 290,9 mil em 2021. Após o país ter registrado saldo negativo de 65,9 mil empresas em 2018, o movimento se inverteu em 2019, com a entrada no mercado de 947,3 mil empresas e o fechamento de 656,4 mil. Com isso, reverteu-se parte do encolhimento observado de 2014 a 2018 (perda de 382,5 mil empresas). A taxa de sobrevivência foi de 79,8%. As informações são do estudo Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo, divulgado hoje (22) pelo IBGE.
Em 2019, o Cadastro Central de Empresas (Cempre) somava um total de 4,7 milhões de empresas ativas que empregavam 39,7 milhões de pessoas, sendo 33,1 milhões (83,3%) como assalariadas e 6,6 milhões (16,7%) na condição de sócios ou proprietários. Os salários e outras remunerações pagos por essas entidades totalizaram R$ 1,1 trilhão, com um salário médio mensal de 2,5 salários mínimos, equivalente a R$ 2.530,76. A idade média das empresas era de 11,7 anos.
O levantamento considera somente as entidades empresariais, excluindo os Microempreendedores Individuais (MEIs), órgãos da administração pública, entidades sem fins lucrativos e as organizações internacionais que atuam no país.
Empresas sobreviventes empregam 96,9% dos assalariados
Do total de empresas ativas, 3,7 milhões já estavam em atividade em 2018, o que representa uma taxa de sobrevivência de 79,8%. Entraram em atividade 947,3 mil empresas, das quais 15,5% (726,5 mil) nasceram naquele ano e 4,7% respondiam por reentradas (220,8 mil). Já as que saíram do mercado totalizaram 14,0% das empresas (656,4 mil empresas).
Thiego Gonçalves Ferreira ressalta que as empresas sobreviventes, no geral, possuem um porte maior, além de responderem pela maioria das ocupações e pagarem salários mais elevados, sendo que essa combinação, possivelmente, contribui para atraírem mais profissionais com ensino superior.
“As sobreviventes destacaram-se em pessoal ocupado assalariado (96,9%), em salários e outras remunerações pagos no ano (98,9%), em valor de salários mensais (cerca de 15% acima da média) e por terem 14,7% da sua mão de obra com nível superior. Já as entrantes de 2019 tiveram participação de 3,1% de pessoal assalariado e 8,4% de nível superior, enquanto aquelas que saíram do mercado, empregavam 1,3% dos assalariados e 7,5% com maior escolaridade”, exemplifica.
Observando as empresas de acordo com as faixas de pessoal ocupado assalariado, houve predomínio de empresas de menor porte em relação às entradas e às saídas. Cerca de 77,4% daquelas que entraram no mercado em 2019 não tinham pessoal ocupado assalariado, mas apenas sócios ou proprietários, e 20,5% possuíam 1 a 9 pessoas assalariadas. Da mesma forma, com relação às saídas, 78,5% não tinham pessoal ocupado assalariado, e 20,6% registravam 1 a 9 pessoas assalariadas, ou seja: 97,9% das entidades que entraram no mercado e 99,1% das que saíram, em 2019, possuíam de 0 a 9 pessoas assalariadas.
Com relação às empresas sobreviventes, 42,2% não tinham pessoal ocupado assalariado, 45,9% apresentavam 1 a 9 pessoas ocupadas assalariadas, e 12,0% tinham 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas. As de maior porte, com 10 ou mais empregados, respondiam por 72,5% do pessoal ocupado total e 82,8% do pessoal assalariado.
Saldo de assalariados foi positivo, com 595,5 mil novos postos de trabalho
Com a entrada de novas empresas, houve um ganho de 3,1% em pessoal ocupado assalariado. Já com as saídas, a perda de pessoal ocupado assalariado foi na ordem de 1,3%. O resultado final foi um saldo positivo de assalariados de 595,5 mil pessoas.
Enquanto na dinâmica de entrada e saída dessas entidades as participações de empregados com nível superior foram 8,4% e 7,5%, respectivamente, entre as sobreviventes tal participação foi 14,7%, representando, portanto, uma diferença de até 7,2 pontos percentuais (p.p.) entre os eventos de sobrevivência e saída.
No que diz respeito à distribuição por sexo, observa-se que os homens responderam pela maior parte dos vínculos nas empresas ativas: 60,6%, contra 39,4% de mulheres. A participação das mulheres nos eventos de sobrevivência, entrada e saída dessas entidades, foram, respectivamente, 39,3%, 41,3% e 42,7%.
Ao analisar a sobrevivência das empresas por faixas de pessoal ocupado assalariado, verifica-se que, quanto maior o porte da entidade, maior a taxa de sobrevivência. No primeiro ano de observação (2015), para as empresas sem pessoal assalariado e nascidas em 2014, a taxa de sobrevivência foi 70,7%; nas empresas com 1 a 9 assalariados, 91,9%; e, entre aquelas com 10 ou mais assalariados, 95,2%. Após cinco anos (2019), as taxas de sobrevivência segundo o porte foram 32,1%, 49,1% e 64,5%, respectivamente.
Amapá tem a menor taxa de sobrevivência das empresas e Santa Catarina tem a maior
Mas a Demografia das Empresas revela que chegar aos dez anos é bem mais difícil. Apenas 22,9% das unidades locais (filiais) das empresas nascidas em 2009 ainda estavam operando em 2019.
Em termos regionais, o Sul se destaca com a maior taxa de sobrevivência em 10 anos: 26,0%. Em seguida, Sudeste (22,8%) e Centro-Oeste (22,4%) ficam perto da média nacional, embora um pouco abaixo. Já o Nordeste (20,9%) e o Norte (19,0%) têm os menores índices.
Entre os estados, o Amapá (13,2%) tem a menor taxa de sobrevivência das empresas no período de 10 anos. Por outro lado, Santa Catarina (30,6%) tem a maior.
Empresas de alto crescimento avançam mais de 10,0% pelo segundo ano consecutivo
Em 2019, o número de empresas de alto crescimento avançou 10,0% em relação a 2018, sendo o segundo ano seguido de alta, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas dos cinco anos anteriores. Em 2012, ponto mais alto da série, havia 35,2 mil empresas de alto crescimento. Em 2019, essas empresas somavam 25,0 mil, as quais ocuparam 3,3 milhões de pessoas assalariadas e pagaram R$ 94,6 bilhões em salários e outras remunerações, com um salário médio mensal de 2,5 salários mínimos.
Empresas de alto crescimento são aquelas com pelo menos 10 empregados assalariados, que apresentaram um crescimento médio do seu pessoal de pelo menos 20% ao ano, por três anos seguidos. Considera-se que parte desse crescimento está associado ao empreendedorismo.
Essas empresas de alto crescimento representaram 1,1%, das empresas ativas e 5,4% das empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas. Elas foram responsáveis pela absorção de 12,1% dessa mão de obra entre as empresas com 10 ou mais empregados e pelo pagamento de 9,7% dos salários e outras remunerações.