A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou hoje (dia 07 de dezembro) em entrevista coletiva, o balanço da atividade agropecuária em 2022 e as perspectivas para 2023.
A CNA prevê alta dos custos de produção do agronegócio em 2023. O próximo ano será de desafios tanto no ambiente interno quanto no cenário externo. De acordo com a entidade, do lado doméstico há incertezas sobre o controle das despesas públicas e a condução da política fiscal que devem impactar os custos do setor agropecuário, sobretudo em questões tributárias.
A taxa Selic [juros básicos da economia] deve se manter elevada no próximo ano, acarretando mais custo para o crédito para consumo, custeio e investimento. E o crédito privado deve se consolidar como alternativa para o produtor financiar sua produção nas próximas safras avaliou a entidade.
O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, explicou que a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição pode elevar o risco de endividamento do governo, o que levaria à alta da inflação e consequente aumento dos juros.
Já no cenário internacional, as previsões de desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) mundial podem influenciar o comportamento das exportações brasileiras do setor no próximo ano. Também há estimativas de queda de crescimento econômico de alguns dos principais parceiros comerciais do Brasil, como China, Estados Unidos e União Europeia. Além da incerteza na disponibilidade global de grãos e de insumos causados pela guerra da Rússia na Ucrânia.
Entretanto, mesmo com a projeção de alta menor do PIB, o resultado sinaliza uma recuperação se comparado com o PIB do agronegócio deste ano que deverá fechar em queda de 4,1. Reflexo da forte alta dos custos com insumos no setor, especialmente pela elevação dos preços dos defensivos e fertilizantes que superaram os 100% de alta neste ano. Explicou a CNA.
Para o Valor Bruto da Produção (VBP) que mede o faturamento da atividade agropecuária, a tendência para o próximo ano é de um crescimento de 1,1% em relação a 2022. Mostrando um ritmo menor de expansão, puxado pelo comportamento da pecuária que deve ter uma receita de 2,3% menor em 2023 em relação a este ano. Já no ramo agrícola, a receita deve ter alta de 2,8%.
A estimativa para a safra de grãos 2022/2023 é de um aumento de 15,5% (ou 42 milhões de toneladas) em relação à safra 2021/2022. Atingindo 313 milhões de toneladas. Esse crescimento é reflexo da elevação na área plantada, estimado em 76,8 milhões de hectares na safra atual. Apenas na cultura da soja, a área pode chegar a 43,2 milhões de hectares, superando em 4% o ciclo anterior.